domingo, 1 de fevereiro de 2009

Tim sofrerá mais com a chegada da Oi a São Paulo

Por Manabu - http://blog.marcelopark.com/

A Oi chegou em São Paulo no final de 2008 com intenção de conquistar as classes C e D. Ela é a última grande operadora a entrar no maior mercado de celulares brasileiro (SP representa 25% dos 120 milhões de todo Brasil).
Reconhecido pelo estilo agressivo e muito eficaz, Luiz Eduardo Falco (presidente da Oi/BrT) disse que quer conquistar a liderança do mercado paulista em 4 anos. Meta condizente com seu estilo, mas é importante ressaltar que SP é um território importantíssimo para qualquer operadora, portanto Falco não deve esperar moleza por parte de seus concorrentes.

Oi versus seus concorrentes


Outro ponto importante é que a Oi não é um concorrente desconhecido para Vivo, TIM e Claro. Muito pelo contrário. Aparentemente, a Vivo já sabe lidar muito bem com a Oi.

Analisando o market share em cada estado em que a Vivo compete com a Oi, podemos observar que a marca do bonequinho está com larga vantagem. Dos 22 estados em que elas se confrontam (SP não incluído), a Vivo está à frente da Oi em 16.Já a Claro confronta a Oi em 26 estados (SP não incluído) e está num epate de 13 x 13.A TIM leva a pior contra a Oi. Nos 26 estados (SP não incluído) a Oi leva vantagem sobre a TIM em 15.
Placar: Market Share em cada estado (SP não incluído), confronto


Fonte: com base em informações da teleco.com.br


Oi em São Paulo

Fazendo um levantamento sobre alguns indicadores e declarações feitas por estas operadoras, é razoável dizer que a TIM possivelmente será a mais prejudicada entre as 3 já presentes no estado. Isto é uma conclusão da avaliação do cenário atual.

A Vivo, acostumada em competir com a Oi, já anunciou que fez provisões de caixa contando com uma provável guerra de preços. Além, podemos ver que sua taxa de churn (evasão de clientes) está num patamar confortável e é a que menos oscila dentre as 4 operadoras (gráfico Chrun). Fora a vantagem no placar, seus bons indicadores e preparativos para receber a Oi, a Vivo também conta com a vantagem de ser a atual líder em SP.

A Claro, do mexicando Carlos Slim, está deliberadamente reduzindo seu mix em pré-pago e focando em nichos de maior ticket médio como os pós-pagos e serviços de 3G. Podemos perceber isso, analisando os gráficos de Mix de Pré-pago e de MOU (média de uso por usuário). Ainda assim, é a operadora que mais cresceu em quantidade de usuários nos últimos dois anos. Por outro lado, seu EBITDA está abaixo da média de seus concorrentes, provavelmente ocasionado pelo custo de aquisição de novos clientes.

A Oi já deixou claro que irá atacar onde ela já conhece terreno, nas classes C e D com pré-pagos. A Oi também já mostrou que quer aproveitar da chegada da portabilidade numérica em São Paulo (que ocorrerá em março). Sinal disso são as suas campanhas para desbloqueio gratuito de aparelhos, desta forma, deixa o terreno livre para que as transições de clientes/operadoras tenham uma barreira a menos. O cliente não precisa comprar outro aparelho (é só trocar o chip que é muito mais barato) ao mesmo tempo que a operadora também não precisará subsidiar aparelhos. No final das contas, fica mais barato para os dois.

Há duas observações a fazer sobre a Oi:1) em São Paulo a Oi não contará com a sinergia da sua rede fixa (que tem se mostrado importante na sua estratégia de crescimento).2) até pouco tempo a Oi não possuia cobertura de rede que abrangesse todo o Brasil, porém este fato foi sanado com a aquisição da Brasil Telecom (BrT). Isso poderia interferir nas vendas corporativas (apesar de não ser o foco, também é um tipo de receita muito importate, pois o ticket médio é muito mais alto).




Em contrapartida, a TIM está numa situação bem desfavorável para encarar a chegada da Oi (seus indicadores já estiverem muito melhores). Boa parte, é conseqüência de uma estratégia mal executada durante 2007. Acostumada com uma alta rentabilidade de usuários pós-pagos, a TIM acabou indo com muita sede para cima da classe C e D e se deu mal. Resultado é que seu ARPU despencou, teve sérios problemas com inadimplência, sua taxa churn disparou para cima e de quebra a sua base de crescimento se restringiu aos os pré-pagos (alvo declarado da Oi).





Para piorar, a empresa está com caixa baixo e recebeu ordens da matriz de aumentar a sua rentabilidade (percebe-se o esforço pelo gráfico EBITDA), o que a impede de entrar numa guerra de preços. Outro ponto em questão é que dentre as três que vão ter que defender suas posições, a TIM é a única que não possui uma rede fixa própria ou parceria (Claro+Embratel+Net e Vivo+Telefónica+TVA), o que limita suas possibilidades de manobra.





Crescimento da base de usuários pós-pago da TIM estagnou.

Fonte: relatório de acionistas TIM 3T08


Resumindo


O momento para entrada da Oi é favorável devido a chegada da portabilidade numérica e da fragilidade da TIM.A Vivo possui fôlego financeiro para segurar a entrada da Oi, está com seus indicadores em dia e é a atual líder em São Paulo.A Claro adotou uma estratégia menos conflitante, também está com seus outros indicadores razoavelmente estáveis e é a operadora que mais cresceu nos últimos anos.Já a TIM está bem no olho do furacão pois está passando por uma fase de recuperação devido à erros feitos em 2007, deixando-a numa situação frágil para brigar com a Oi.

À TIM, só me resta desejar buona fortuna!



Um comentário:

Anônimo disse...

Tomara que a OI, por ser uma empresa nacional, realmente dispare e tome o mercado das multinacionais. Essas empresas estão aqui somente explorando a mão-de-obra local e oferecendo um péssimo serviço à população.